Clube de Leitura dos Poetas (Adriana Janaína Poeta) Publisher https://wwwfacebook.com/adrianajanainapoeta adrianajanainapoeta01233034782@gmail.com This Blog is owned and authored by Adriana Janaína Poeta, pseudonym of Adriana Janaína Alves de Oliveira / CPF. 01233034782. Brazilian, born in Rio de Janeiro. Without Whats APP. Writer, Composer, Journalist, Editor, Founder, (2004), and owner. Married to Marcelo Bernardo (de Oliveira), since 04/02/2010.
quarta-feira, 5 de novembro de 2025
O sonho. Por Adriana Janaína Poeta CPF.:01233034782 in O Carneiro Nº7/ Volume I Escrito em 19/10/2025 Todos os direitos reservados.
O sonho.
Por Adriana Janaína Poeta
CPF.:01233034782
in O Carneiro
Nº7/ Volume I
Escrito em 19/10/2025
Todos os direitos reservados.
Enquanto digito, inserem erros gramaticais, de formatação, movem arquivos, através do sistema, wi fi. Corrijo quando percebo.
Erasmo deixou o chapéu, o óculos de grau, sobre a mesinha, ao lado do abajur. Começou a se despir. O telefone tocou, mas ele não olhou. Nas últimas semanas, o telefone tocava o dia inteiro.
- "Como descobriram o meu número?" - Pensou Erasmo indo, nu e descalço, para o banheiro. Olhou para as toalhas, depois entrou no Box. Ligou o chuveiro. Deixou a água, inicialmente fria, depois morna até aquecer realmente, cair sobre o seu rosto, cabelos, corpo. Ficou de olhos fechados, imóvel, cabeça erguida, enquanto a água lavava o seu corpo, por três minutos. Pegou o sabonete no suporte da parede, tateando a mão, olhos ainda fechados, até encontrá-lo. Ensaboou as mãos, depois o peito, braços, costas, o resto do corpo. Colocou um pouco de xampu na palma da mão, levou até os cabelos... Eram castanhos escuros, começavam a cair. Esfregou, enxaguou, fechou a torneira do chuveiro. Puxou uma das toalhas de banho, enrolou-se nela, pondo o pé no tapete branco, felpudo.
De frente para o armário da pia e o espelho, ficou parado, segurando a toalha, pensativo, observando o seu reflexo, até que começou a se enxugar lentamente. Refletia sobre os últimos acontecimentos. Por fim, começou a se enxugar vigorosamente, deixando a toalha sobre o mármore da pia. Passou o desodorante rapidamente, foi até o quarto, era uma suíte... Abriu o armário, foi reunindo peças de roupas, absorto, ausente. O telefone não parava de tocar...
Às vezes, retirava o cabo, e tudo ficava em silêncio. Daria um telefonema assim que estivesse vestido, por isso não retirou o cabo.
- "Por que não desistem?!..." - Pensou, sério. Já vestido, pegou a caderneta de telefone. Foi até a poltrona, ao lado de uma mesinha antiga, de madeira, aonde havia o telefone e o abajur. Sentou-se, acendeu o abajur. Começou a procurar o número do telefone da pessoa com a qual queria falar. Discou. Era aquele telefone antigo, você põe o dedo no espaço do número escolhido, um a um, gira...Faz o barulho reconfortante, conhecido. Erasmo gostava disso. Lembrava a sua infância.
- Alô?
- Vinícius?
- Sim, sou eu.
- Sou eu, Erasmo...
- Erasmo! Estava esperando que você ligasse. Por que demorou? Não deram o recado?
(Trecho)
Erasmo respirou fundo, discreta e pesadamente. Foram segundos de silêncio e reflexão.
- Só pude ligar agora.
- Estão tentando falar contigo. Como não conseguem, ligam para cá. Eu não sei o que dizer!... O que devo dizer?...
- Vinícius... Não quero falar com ninguém nesse momento.
- Mas, você sabe como funciona, Erasmo! Você é a carne, eles têm fome!...
- è por isso que eu não tenho saído ou atendido ao telefone. Quero ter tempo para pensar.
- Mas... Você já aceitou, não?
- Sim, aceitei.
- Então, não há o que pensar! Erasmo, sabe o que significa? Você agora está no topo! É a consagração da sua carreira como escritor.
- Eu já me sentia no topo, Vinícius.
- O quê?
- desde que minha obra passou a ser encenada.
-Ah...
- Minisséries, TV, teatro, citações em livros didáticos, revistas... Na boca do povo.
- Mas, você entende que há mais, não?
- Como assim?
- Quando você achava que era o limite, o máximo que poderia chegar... Reconhecimento profissional, nacional, internacional, recebe o convite. Não é qualquer oportunidade! Não é para todos! Você sabe. Você agora é eterno, Erasmo! Parabéns! Aproveite! Desfrute! Deixe que todos falem com você. Permita que te encontrem, te admirem, digam isso para você... Perguntem o que desejam perguntar! É assim que funciona.
- Vinícius, não estou confortável. Preciso de tempo para me acostumar. Mais tempo.
- Tempo? Tempo, Erasmo?...
- Sim. Sou assim. Devagar. Não sabia? Acho que eu sou um cara que traz a solidão, a calma, do sertão, dentro de mim... Estou na cidade, ando pelo asfalto, entre os prédios, carros... Mas, o sujeito tosco e quieto, vive dentro de mim, encolhido. Um menino, descalço, que só quer olhar para as árvores, flores, céu azul, tudo conhecido e bom. Você não entende! Não pode entender... Você tem esse sujeito, tosco, natural, dentro de você? saberia, se tivesse? Ele as vezes olha para mim e pergunta:" Quando vamos voltar a ser livres, Erasmo? Quero pisar na terra e correr, com meus pés descalços! Quero sentir o cheiro e o sol do sertão! Vamos, Erasmo!... Vamos!...
Risos do outro lado do telefone.
- Erasmo... Não diga essas coisas, escreva!
- Isso eu não escrevo.
- Por que não?
- estou aprendendo ainda a ouvir.
-O quê?
- É coisa minha.
- parece loucura!...
- Só parece.
- Mas... Do que tem receio, Erasmo? Eles te amam!
- Eles dizem que amam?
- eles não dizem, mostram!
- Como?
- Comprando, lendo, comentando, citando os seus livros. Assistindo, encenando... Estão adorando tudo o que você escreve. Lendo tudo sobre você, os seus personagens... Amam a sua obra! Amam você!
- Eles amam? Não sei.
- Como não sabe? Tem gente que faria tudo para estar onde você está. No topo!
- Eu tive um sonho...
- Um sonho?
- Antes de aceitar. Assim que recebi o convite.
- Que sonho?
- Já falei contigo sobre isso. Você não lembra porque não presta atenção no que digo.
- Conte.
- Sonhei que morria.
- Morria?
- Depois de aceitar o convite. Por isso demorei tanto a aceitar.
- Você sonhou... Por isso está assim?... - Risos. - Você é um cara estranho, Erasmo! Era só um sonho!
- Não sei...
- Eu não lembro dos meus sonhos. Ainda bem.
- Eu tenho e lembro dos meus sonhos, sempre. Alguns se concretizam.
- Você viverá muito!
- Não sei...
- Bom, já é terno, não?!... - Risos.
- Você acha engraçado, porque não é com você!
- Atenda aos telefonemas. Saia de casa. Fale com todos.
- Vou pensar.
- Não pense, Erasmo! Aproveite o momento.
- Preciso desligar.
- Desligue, mas não tire o cabo. Sei que faz isso.
- Vou pensar.
- Ai, ai, ai... Erasmo! Até logo...
- Até logo? Adeus!
- Pare com isso. Você agora é eterno!
Uma semana depois, todos os jornais, telejornais, rádio, internet, davam a notícia da morte do escritor Erasmo Aquino Freitas. Vinícius abriu o jornal, preocupado ao ler a notícia. Estava na sala de estar com a esposa que fazia crochê, ao lado da filha de dez anos.
- O que foi? - Indagou Iara, percebendo a expressão do marido.
- Erasmo morreu!...
- O quê?
- E ele sonhou que morreria...
--------------------------
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Para sempre irmãos. Por Adriana Janaína Poeta/ CPF.:01233034782/ in O Carneiro Nº8/ Volume I/ Escrito em 20/10/2025/ Todos os direitos reservados
Para sempre irmãos. Por Adriana Janaína Poeta CPF.:01233034782 in O Carneiro Nº8/ Volume I Escrito em 20/10/2025 Todos os direitos reservado...
-
Clube de Leitura dos Poetas (Adriana Janaína Poeta) Publisher - Graphics - Postal Bookstore Contact: CX Postal 107016, CEP. : 24,360 - 970 N...
-
The world, vast field of tears and laughter, enchanted garden, stone and thorns. Poisoned dart, Sugary and honey island of dreams Grapes, ma...
-
Assim que eu preparar os sites oficiais do Clube de Leitura dos Poetas e Adriana Janaína Poeta (CPF.: 01233034782), domínios adquiridos por ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário