segunda-feira, 9 de março de 2020

Marcelo Bernardo por Adriana Janaína Poeta/ texto publicado em maio de 2014


Exemplo de coragem, força de vontade e determinação, Marcelo Bernardo, poeta, escritor, fotógrafo, escultor, editor, capista, desenhista, web designer.
Entre os múltiplos talentos e lutas, as poesias e as fotografias que sempre encantam, não apenas no Brasil, mas também mundo afora, Marcelo se destaca pela personalidade, encantador, amável, inteligente, carinhoso.
Bom pai, filho, neto, marido, cunhado, irmão e amigo.
Grandes batalhas são dadas apenas para grandes guerreiros. Esta máxima ganha aqui o seu real contexto.
(Opiniões por Adriana Janaína Poeta, 2012/ Trecho)

Aos 17 anos, Marcelo Bernardo sofreu um acidente de moto, numa noite quente do dia 13 de janeiro de 1984, as 18 horas. Foi jogado da moto, a 5 metros de altura. A pedaleira da XL rasgou o seu pé, e ele fraturou o tasso e metatarso. Caiu, entre o meio fio e a calçada, com a bacia e a coluna, a moto tombando em cima dele.
A perna esquerda ficou preta pelo impacto, e a direita ficou com as marcas e do próprio asfalto. Fraturou a bacia em dois lugares, esmagou três vértebras, achatando duas. Teve Pneumotórax em 80 por cento do pulmão direito. (o impacto foi tão grande, que o ar que estava no pulmão atravessou os alvéolos e ficou entre a pleura e o pulmão). Sofreu hemorragia interna, perdendo quatro litros e meio de sangue. Teve esmagamento no pé esquerdo com múltiplas fraturas, quebrando todos os dedos, menos um. Não perdeu os sentidos, porque sentiu que se dormisse iria morrer, o que um médico confirmou posteriormente que seria um risco. Ficou quatro dias acordado no Hospital, com muito esforço, para facilitar a recuperação.
Foi levado direto para sala de cirurgia. A médica residente chegou a chorar, ao vê-lo urinar sangue, com a bacia fraturada, achando que ele morreria. Pulsaram a barriga em vários lugares, para ver onde havia hemorragia.
Encontraram localizada na bexiga, e observaram que, o sangue, também era devido a fratura da bacia. A perna direita estava toda marcada e agarrada com fragmentos do asfalto.
Dois residentes usaram duas escovas, (iguais as que usamos para lavar roupas), para retirar parte do asfalto. Um dos residentes costurou a pele do pé de Marcelo, onde havia entrado a pedaleira, apesar do Marcelo ter avisado que se tratava de uma fratura exposta, devido a dor que sentia. O residente achava que se tratava apenas de nervos expostos.
Quatro dias mais tarde, já em outro Hospital, precisaram arrancar com pinça a carne morta, sem anestesia, para que sentisse, quando puxassem a carne boa, identificando o que poderia ser retirado, e havia necrosado.
No primeiro dia no Hospital, que inicialmente o recebeu, Marcelo avisou que estava com dores na coluna, bacia, pés, pulmões, e os médicos o levaram para tirar raio X. Foi muito doloroso.
Quando testaram a sensibilidade das suas pernas com agulhas, ele não sentia nada, nem conseguia mexer as pernas. Somente no quarto dia, começou a senti-las, depois de muitas tentativas e esforço.
Por causa da hemorragia interna, durante os quatro dias em que esteve no primeiro Hospital, não podia beber água. Estava na UTI, sem dormir, sentindo dores lancinantes, sem saber se sobreviveria ou voltaria a andar.
Todo dia morriam pessoas, ao seu lado. Esticavam as cortinas, e no dia seguinte a cama aparecia vazia. Ele, com 17 anos, sabia que as pessoas não haviam saído das suas camas sozinhas, devido ao estado em que se encontravam. Foi então para o segundo Hospital, o que demorou horas, por causa dos buracos na rua.
Dirigiam a ambulância com muito cuidado. Qualquer coisa poderia afetar a coluna, devido as fraturas.
Ficou um mês internado, retornou para casa permanecendo na cama, sem poder se movimentar por dois meses.
Começou a usar um colete de aço, para poder sentar, dar sustentação à coluna. Não desistia de voltar a andar, apesar do que diziam.
Aos poucos, começou a sentar, e depois a usar cadeira de rodas. Três meses usando cadeira de rodas, sem poder ainda fazer a fisioterapia. Perseverando, começou a usar muletas, fazer sessões intermináveis de fisioterapia e acupuntura. Lembrava-se sempre daquele momento quando identificaram as fraturas e a hemorragia, no primeiro dia, e os médicos disseram para o seu pai, na sua frente, que ele não sobreviveria, não passaria daquela noite, e se sobrevivesse, não voltaria a andar. Ele ouviu. O pai, Dr. Rubens, desmaiou com a possibilidade de perder o filho amado e querido. Quando voltou a si, ao perceber pelo olhar de Marcelo que ele ouvira o que os médicos disseram, segurou a sua mão e disse confiante, lágrimas nos olhos:
- Filho, você vai sobreviver e voltar a andar. Estou aqui. - Marcelo nunca esqueceu aquelas palavras, e lutou. Cada dia era uma nova luta, nunca desistia, apesar das dores e prognósticos.
Ao se recuperar do susto, o pai lhe disse que ele sobreviveria e voltaria andar. Lutou para resistir. Cada dia era uma luta.
Usou muletas durante três meses. Em 19 de junho de 1984, no mesmo ano, sofreu outro acidente, desta vez de carro, usando colete e ainda com as muletas. O teto do carro, com o impacto da batida, foi parar no painel, Marcelo foi jogado pelo vidro traseiro.
O policial, ao passar pelo local, tentando socorrê-lo, olhou, aquele rapaz com o braço sangrando, de colete e muletas, e disse:
- Já foi socorrido?
- Não, você demorou a chegar... - Respondeu Marcelo, ainda conseguindo sorrir, apesar da dor.
Havia vidro ainda no braço esquerdo, e sangrava, durante alguns dias, no banho, principalmente. Durou quase dois meses, não queria retirá-los no Hospital devido ao tempo anteriormente passado.
Mandou confeccionar uma palmilha, para moldar a curvatura do pé, pois quando teve um esmagamento no pé esquerdo, onde se formou um bloco de osso na curvatura, esmagando vasos sanguíneos e criando novos, um processo dolorido. Teve problemas no nervo ciático durante anos, com dores intensas, chegando a recorrer a uma operação espiritual, (cura à distancia).
Aliviou um pouco a dor.
Sem desistir nunca de voltar a andar, ultrapassando os limites, andando com os pés enfaixados, foi voltando a andar, embora com dores.
Este Marcelo guerreiro, capaz de suportar dores, que muitos não conseguiriam, de não se entregar ao medo ou a auto-piedade, mantendo o bom humor apesar dos obstáculos, é o Marcelo que poucos conhecem. Alguém que é capaz de mover mundos pelos amigos, de se indignar e lutar contra as injustiças, de se preocupar e ajudar as pessoas, que sequer conhece, de se incomodar e derramar lágrimas, ao saber que algum inocente sofre, ou é vitima de injustiça. Também se emociona assistindo filmes ou espetáculos comoventes e bonitos, ou quando algum amigo ou pessoa em quem confiava, o decepciona.
Nasceu no dia em que se comemora o Dia do amigo, nada mais justo. Uma pessoa de muitos talentos, grande sensibilidade, que preza a honra e não desiste de acreditar na vida, que Amanhã será melhor. O seu sorriso luminoso vence toda tristeza e cada obstáculo que a vida traz.
Marcelo não se dobra a tristeza, a maldade ou a dor. É aquela pessoa que tem sempre uma palavra de incentivo, o sorriso e a mão amiga estendida.
O que Marcelo não entende, é a maldade humana, esta que existe, mascarada de bondade, a enganação vestida de perversidade.
Para quem tem sempre um sorriso, e o sol carregado no olhar, é difícil aceitar que nem todos são transparentes e sinceros, que nem todos tem intenções claras e boas. No mundo existe maldade, inveja, intriga, cobiça, traição.
Dos acidentes, que Marcelo superou, voltando a andar, sem nunca ter desistido, ainda existem as lembranças, dores que ainda sente como consequência das fraturas. Em vez de desistir, ele prosseguiu, tentou e conseguiu. Este exemplo gosta de dar, incentivando a todos que atravessam quaisquer problemas, e quem já ouviu seus conselhos, sabe bem:
- Nunca desista.
Do menino apaixonado por nuvens, arquitetura e paisagens, fotógrafo, pintor, escultor e poeta, editor, capista, web designer, que adora conversar e fazer amigos, que é carinhoso e sempre sorridente, poucos esquecem. Marcelo tem paixão pela vida, pela arte.
Estas são apenas algumas batalhas e vitórias que Marcelo Bernardo travou em sua vida, muitas batalhas continuam e outras virão. Certo é que Marcelo não perde o sorriso, não desafina na fé e confiança na vida, nas pessoas e na verdade, não importa o quanto desafie a tempestade ou quantas flechas venham ao seu encontro. Além de menino e poeta, Marcelo é guerreiro.
( Trecho de Marcelo Bernardo por Marcelo Bernardo e Adriana Janaína Poeta)
- Pneumotórax é o acúmulo anormal de ar entre o pulmão e uma membrana (pleura) que reveste internamente a parede do tórax.
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