quinta-feira, 23 de outubro de 2025

In Meio Segundo (Contos) O Sexto Andar Por Adriana Janaína Poeta CPF.:01233034782 Todos os direitos reservados.

In Meio Segundo
(Contos)
O Sexto Andar
Por  Adriana  Janaína  Poeta
CPF.:01233034782
Todos  os  direitos  reservados.

  José  ajeitou  a  jaqueta  de  couro,  preta, pegou  a  mochila,  na  moto, tirou  o  capacete, olhou  ao  redor...
   A  rua,  moviventada, parecia  o  caos. ônibus, caminhões, motos, bicicletas, vários  veículos... Pessoas... Muitas... Quantas  pessoas!  Paraceia  que  todos, na  cidade, decidiram  andar  nas  ruas, naquela  manhã  de  segunda-feira.
  - Eu  sempre  gostei  da  segunda-feira! - Disse  Tomé, riscando  um  fósforo  de  um  hotel  barato,  para  acender  o  seu  cigarro. Sorriu,  já  com  o  cigarro  na  boca. Abanou  o  palito, pensou  em  jogá-lo  no  chão. O  olhar  reprovador  de  José, o  impediu. Deixou  esfriar  e  pôs  no  bolso, abanando  a  cabeça. - Sempre  o  bom  moço, José!... -  Disse  Tomé, ficando  ao  seu  lado. José  levantou  o  dedo  indicador, da  mão  direita, apontando, sem  olhar,  para  o  grande  outdoor, que  havia  do  outro  lado  da  rua:  Campanha  nacional...Não  jogue  lixo  nas  ruas!..- Diabos, José!... É  só  um  maldito  palito  de  fósforo!...
  - Tudo  começa  pequeno. - Comentou  José. Estavam  na  esquina  que  interligava  quatro  ruas, movimentadas, no  centro  da  cidade. Ficaram  de  frente  para  o  prédio, antes  às  suas  costas. Se  entreolharam, pensativos.
  - É  aqui? - Indagou  Tomé. - José...Eu  preciso  de  um  bom  café  da  manhã. Peguei  um  ônibus  interestadual, úmido, frio, cheirando  a  mofo!... Sabe  que  eu  detesto  mofo   e  janelas  fechadas... Bom, foi  o  que  eu  ganhei, depois  que  você  ligou  para  mim.
  - Porque  não  tomou  o  café  da  manhâ, antes  de  pegar  o  ônibus?  
  - Eu  funciono  melhor  à  noite. O  que  acha  de  começarmos  as  12h?
  - Não.
  - Por que?
  - Ele  fica  mais  forte  à  noite.
  - Eles!...Eles, José!  Você  sabe, não  andam  sozinhos! Revesam, finger  ser  apenas  um. Só  os  desavisados  saem  para  obsediar  sozinhos.
  - Por que? - Indagou  José, distraído  com  seus  pensamentos, olhando  para  o  prédio, atentamente. Tomé  o  olhou, irônico.
  - É  chato! Chega  uma  hora  que  cansa... " Eu  sou  o  demônio!'...Dizem. Ou: "Demônio!", repetem, feito  insanos, chamando  assim  a  quem  desejam  assustar, vencer, obsediar, enfraquecer, subjulgar. Perde  a  graça, faça o o  que  fizer a  vítima, depois  de  algum  tempo.  E  se  há  música, tocando, na  rádio, aparelho  de  som, celular... Um  desenho  animado, um  filme, na  tv...No  blue  ray...José, tudo  distrai  esses  caras!... Eu, que  fico  do  lado  de  cá, fico  entediado!... Imagine  os  que  ardem  seus  Chi, na  escuridão?... Os  que  pagam, com  a  vida  eterna  na  luz, pelos  prazeres  menores  e  o  passaporte,  só  de  ida,  para  a escuridaõ, densa  e  escura, eternamente?...  
  -  Tenho  um  pacote  de  biscoitos,  água  e  sal, com  gergelim  torrado.  Quer?
  -  O  que  isso  muda?  E  o  complemento?
  -  que  complemente?
  -  Eu  preciso  me  alimentar  bem! Gasto  minha  paciência,  nisso!  Preciso  estar  saciado, não?  Ovos,  bacon,  aipim  frito...
  -  Aipim  frito?  No  café  da  manhã?...
  -  É  o  meu  café  da  manhã! Iogurte  de  frutas  vermelhas, suco  de  laranja  ou  tangerina, pão, queijo, presunto, requeijão...
  -  Enjôo, só  de  pensar!...
  -  José, nem  todo  mundo  toma  uma  vitamina, e  sai  para  desfilar!...
  -  Estamos  perdendo  tempo.
  -  Quem  vai  ser o  bonzinho? -  Indagou  Tomé, após  um  longo  suspiro, contrariado. - Não  me  olhe  assim! Vou  ser  o  perverso, hoje! Não  tomei  o  café  da  manhã...
  -  Pode  ser  o  perverso. Não  sei  se  haverá  bonzinho, hoje... -  Disse  José,  e  os  dois  foram  caminhando, na  direção  da  portaria  do  prédio.
  - Aposto  que  não  tem  espaço  para  fumantes, na  pocilga!... - Comentou  tomé. Apagou  o  cigarro, deixou  na  lixeira, junto  com  o  palito  apagado, que  guardara  no  bolso
  -  Aproveite  para  meditar. - Disse  José.
  - José, nunca  irrite  um  homem  com  fome!...
  Entraram  no  prédio, José  foi  até  o  porteiro,  que  estava  atrás  do  balcão.
  - José  Sabbatine  e  Tomé  Zina.
  - Qual  andar, padres?  - Indagou  o  porteiro, solícito. - Sou  católico, também. Ainda  bem  que  vocês  vieram... Tenho  medo  de  perguntar, embora  saiba  para  qual  andar  vocês  ed  dirigem... É  o  Sexto, não  é  mesmo? - José  assentiu, sério. - Padre... Cuidado.
  - Por que  diz  isso? - Indagou  Tomé, receoso.
  - Dizem  que  o  andar  é  mal  assombrado.
  - Como?
  - À  noite,  quando  o  prédio  está  vazio,  apenas  a equipe   mínima, segurança, limpeza...No  andar... Parece  que  há  pessoas, no  sexto  andar... Sombras... Se  movimentando  pelas  escadas, corredores, salas...Depois, voltam  para  a  portaria.
  -  E para  a  garagem? - Perguntou  Tomé.
  - Apenas  da  portaria  para  o  sexto  andar.
  -  Então... Temos  fantasmas  que  gostam  de  usar  os  transportes  públicos!... -  Gracejou  Tomé. - Bom! Modernos, urbanos... É  melhor  do  que  procurar  vaga  para  estacionar...
  -  Não  é  engraçado, padre! - Disse  o  porteiro. Suas  duas  mãos  tremiam. Trazia  um  crucifixo,  de  prata, no  peito. Devia  ter  pouco  mais  de  cinquenta  anos.
  - Porque  suas  mãos  treme? - Indagou  José, sério.
  - Há  seis  meses, não  tremiam. - Respondeu  o  porteiro. - Foi  quando  comecei  a  trabalhar  aqui... Evito  ir  ao  sexto  andar, mas  as  vezes, é  preciso...
  - O  que  funciona  no  sexto  andar? - Indagou  Tomé.
  - Contabilidade  e  Psicologia.
  - Tem  gente, lá? Agora? - Penguntou  Tomé.
  - Tem, padre. Não  preciso   anunciá-los. sabem  que  os  senhores  passarão  do  dia  e  a  noite  aqui.
  - A  noite?... José?... Pensei  que  fosse  só  pela  manhã... - Começou  a  dizer  Tomé.  José  fez  um  gsto, para  que  se  calasse,  sem  para  de olhar  para  o  porteiro.
  - Qual  o  seu  nome, filho?
  - Antônio.
  - Antônio... Tem  a  Bíblia?   
  - Tenho  uma... Em  casa, padre.
  - Há  uma  Bíblia  na  portaria?
  Antônio  abanou  a  cabeça, olhos  arregalados.
(Parte)





  
 
  
 




 

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